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História - Cooproriz

PREFÁCIO

 

Quis o autor trazer à memória alguns pedaços da história da COOPRORIZ, dos seus autores, do seu objecto social, da sua ética, da sua inserção no contesto social da região e do seu percurso. Era um projecto ousado, mas talvez não conseguido por falta de suporte documental, entretanto perdido na história e por falta de vestígios que, como as gentes, desaparecem no tempo. Os conhecimentos orais não são fiáveis e ao autor serviram apenas os poucos documentos que ainda existem na cooperativa, nomeadamente alguns livros de actas. Há uma sensação de pena, quando se sente que se perdeu parte de uma riqueza patrimonial de uma instituição ou de uma pessoa. Neste prefácio deixo um apelo para que cada um cuide de guardar a sua própria história, pois só assim se torna imortal.

Desses documentos que restam conseguiu o autor apenas levar ao conhecimento dos leitores os grandes momentos e aqueles que mais marcaram a cooperativa, num estilo chão e bem delimitado no tempo.

Que o futuro nos ensine a saber guardar mesmo o que parece que não presta porque um dia pode ser preciso.

 

 

 HISTÓRIA

 

Foi quando um homem, de profundas raízes e grande amor por esta terra de Roriz, António Joaquim Teófilo Coelho de Sousa Leão, iniciou a marcha do seu sonho para uma realidade: “ iluminar as trevas ” ( se assim justo é dizer).

Para o efeito, congregou à sua volta pessoas envolvidas nos mesmos anseios, nas mesmas aspirações e com as mesmas carências, com as quais iniciou esta caminhada que perduraria até hoje. Os congregados foram eles, Prof. Francisco Marinho da Cunha Silveira, Manuel da Silva Coutinho, Pe. Miguel Ferreira Sanches, Luiz Gonzaga Pimenta Machado, Agostinho Martins Ribeiro, António Geraldo Guimarães, José Pimenta Machado, Albano Alves Pimenta, Armindo de Almeida Martins, Pe. António Ildefonso dos Santos Silva e José Martins, quase todos, com ele, detentores do poder económico e cultural da terra.

Foram ainda estes grandes senhores que, no dia 22 de Novembro de 1934, compareceram na freguesia de S. Tomé de Negrelos, do extinto julgado de Negrelos, da comarca de Santo Tirso, no cartório do então notário do extinto julgado, Joaquim António da Costa Mesquita, para outorgarem a escritura da fundação da sociedade anónima de responsabilidade limitada, denominada “Eléctrica de Roriz”. Foram testemunhas do ato o Prof. Henrique Pinheiro Machado e António Ferreira Coelho.

A sociedade era criada por tempo indeterminado e o objecto social era o de fornecimento, aos sócios, de energia eléctrica para a luz, força motriz e outras aplicações, sendo o fornecimento limitado às áreas de Roriz, e dos lugares da Rua da Venda, da freguesia de S. Martinho do Campo e do lugar de Boeiros da freguesia de S. Mamede de Negrelos. O capital inicial foi de seis mil escudos, realizado e representado por acções nominativas de cem escudos, tendo que cada outorgante adquirido cinco.

Foram logo nomeados para a direcção da sociedade, para o ano 1934 e 1935, António Joaquim Teófilo Coelho de Sousa Leão, Francisco Marinho da Cunha Silveira e Manuel da Silva Coutinho, respectivamente, presidente, primeiro secretário e segundo secretário.

A primeira assembleia-geral ficou também marcada para o dia 2 de Dezembro de 1934 pelas dezasseis horas.

Assim foi cinzelado o frágil berço onde nasceu e embalou a que é hoje a COOPRORIZ, CRL. 

No entanto, convêm retroceder um pouco antes e recordar que nesse mesmo ano de 1934, a 14 de Abril, entrou um requerimento no Ministério do Comércio e Indústria a solicitar se das denominações das sociedades anónimas ou por cotas constava a denominação de “A eléctrica de Roriz” ou semelhante, que pudesse induzir em erro. No dia 17 do mesmo mês de Abril, o então chefe da Repartição do Comércio, deferiu no sentido de informar que não havia qualquer outra sociedade com esse nome que pudesse induzir em erro.

É de crer, pois, que foi nesta data de 14 de Abril de 1934 que se deu o primeiro grande passo para a fundação da Eléctrica de Roriz, a escolha da sua denominação.

O segundo passo foi, quando a 15 de Junho desse mesmo ano 1934, antes ainda da fundação, foi ratificado o contrato entre a Companhia Hydro-Eléctrica do Varosa (apólice nº. 39), para fornecimento de energia elétrica em alta tensão e António Joaquim Teófilo Coelho de Sousa Leão e Francisco Marinho Cunha Silveira, em nome de Sociedade Elétrica de Roriz, SCARL.

Desse contrato constava que a sociedade tinha que entregar à primeira entidade um documento com autorização dos proprietários dos terrenos onde seriam colocados os postes de alta tensão, quer da linha de 65.000 volts, quer da de 15.000; que a faturação ao consumo seria mensal, e o pagamento efetuado, nos primeiros 15 dias do mês seguinte à faturação; que a moeda era o escudo ouro (metal), ou na sua equivalência em escudo papel, tendo neste caso em linha de conta a desvalorização do escudo relativamente à libra ouro (metal), determinada no mês de consumo, pela Bolsa de Londres. O escudo ouro (metal) era o escudo convencional equivalente a 4 escudos e meio de oiro fino, correspondente a um “soberano” inglês, de 7,3223 gramas, com valor determinado pela citada Bolsa de Londres.

Só em 25 de Outubro de 1935, por despacho ministerial de 8 de Outubro, foi deferido, à sociedade, o título de licença para a instalação do primeiro PT (posto de transformação e distribuição de energia), no lugar da Ribeira, freguesia de Roriz, com a potência de 10 Kva, 15.000/231/400 volts, em cabine de pedra. O respetivo projeto foi elaborado a 24 de Maio de 1934 por Jayme da Costa, Lda.

A aparelhagem a instalar seria a exigida pele Lei em vigor, quer para alta quer para baixa tensão e a rede de distribuição seria em fios de cobre nu, eletrolíticos, de alta condutibilidade, apoiados sobre isoladores de porcelana, adequados, fixos por ferros de 5/8mm.

A primeira linha principal, trifásica, partiria da cabine para o lado de Virães, com 900 metros; a segunda, trifásica partiria da cabine até ao colégio de Singeverga, com 900 metros.

Da primeira linha principal sairia um ramal trifásico, um anel, que envolvia o lugar da Costa, com 1600 metros; outro, trifásico, em Virães, com 800 metros; outro, igualmente, trifásico, a partir da escola do Calvário para o lado de Cartomil e Coutada, com 470 metros.

Da segunda linha principal, sairia um ramal trifásico, do colégio de Singeverga para o lugar de Samoça, com a extensão de 760 metros.

Destas linhas sairiam ramais monofásicos, com uma extensão de 2150 metros.

A cooperativa iniciou assim, a partir deste primeiro poste de transformação, a sua actividade de prestação de serviços, aumentando, conforme a tomada de acções por novos sócios, na medida do crescimento, da evolução e da exigência da sociedade, adaptando-se, tanto quanto possível, às novas descobertas da tecnologia, da inovação e do conhecimento.

Volvidos vinte e seis anos após a fundação, a 7 de Novembro de 1960 entrou no Ministério da Economia, na Direcção-Geral dos Serviços Eléctricos, um requerimento da cooperativa acompanhado de memória descritiva e planta, elaborada pela empresa J. Montenegro, para montagem de um segundo posto de transformação de 30 KW, 15.000/400/231 voltes, em edifício de pedra, no lugar de Samoça, o qual foi deferido em 9 de Março de 1961, por Despacho de 22 de Fevereiro.

Este novo posto de transformação iria ter uma rede em baixa tensão, a construir numa extensão de 3.602 metros, que iria do posto do leite em Samoça, Roriz, até aos lugares, entre outros, de Barrojos e Valverde, Guarda e Torrugelo, de S. Mamede de Negrelos. Uma parte da rede existente iria ser desmontada e outra parte reforçada.

O património da cooperativa ia desta forma aumentando e, em 27 de Julho de 1973, por despacho de 18 de Abril desse mesmo ano, foi concedida licença ao requerimento da cooperativa que solicitava a construção de um outro posto de transformação, no lugar de Torrugelo, em S. Mamede de Negrelos. Assim foi licenciado o posto de transformação nº 3, de 30 KW, 15.000/400/230 voltes, em edifício de cimento, do tipo pré-fabricado. Dois circuitos iriam estabelecer a ligação à rede de baixa tenção já alimentada pelo PT nº2.

Em 10 de Setembro de 1976 foi concedida licença para a construção do posto de transformação nº 4 e modificação da rede de baixa tensão, no lugar de Virães, por despacho de 27 de Julho de 1976, cujo requerimento dera entrada no Ministério da Indústria e Tecnologia a 27 de Março do mesmo ano. O PT seria de 30 KW, 15.000/400/231V, em edifício de cimento do tipo pré-fabricado. A rede de distribuição seria composta por dois circuitos que iriam estabelecer a ligação à rede de baixa tensão já existente, alimentada pelo PT nº. 1

Passados 47 anos, a cooperativa, a Eléctrica de Roriz tinha já uma vasta rede de distribuição e quatro postos de transformação a abastece-la, tornando-se já uma empresa competitiva e que respondia francamente às necessidades das populações.

O período de 1982 a 1991 foi um espaço histórico menos brilhante da cooperativa. Este intervalo de tempo foi marcado por muitos danos causados, à rede de distribuição e a alguns postos de transformação, pela ocorrência de tempestades, trovoadas, chuvas e ventos, facto que trouxe muitos prejuízos que afectaram a vida económica da sociedade eléctrica, fragilizando-a por muito tempo e de certa forma desmotivando as diversas gestões desse período e até os sócios (sentimento extraído das várias actas das Assembleias Gerais). Este período foi também marcado por alguns vendavais de ordem interna, com melhores ou piores gestões das várias direcções eleitas, que foram criando e acumulando dívidas que só seriam saldadas nos anos posteriores a 1991. Este período com todos estes seus contratempos serviu, contudo, para que a cooperativa fizesse uma profunda reflexão sobre si própria, servindo também para cimentar e fortalecer a sua necessidade de viver por muitos anos. Onde falta pão, todos ralham e ninguém tem razão…mas os tempos difíceis e de provação são por vezes um mal necessário!

Foi ainda em 1985, a dezassete de Março, que a Assembleia aprovou a alteração da denominação de cooperativa “Eléctrica de Roriz” para “COOPRORIZ, CRL” e a adaptação dos estatutos ao novo preceituado do Código Corporativo, entretanto, alterado. A escritura desta alteração data de 11 de Abril de 1985 e foi publicada no Diário da República nº. 271, de 25 de Novembro desse mesmo ano.

Ainda neste período conturbado, em 1987, por despacho de 26 de Janeiro, foi concedida licença de construção de mais um posto de transformação, o 5º PT da cooperativa, de 100 KW, 15.000/400/231V, instalado em poste de betão armado de 12 metros de altura, do tipo TP.4, no lugar de Macabio, em Roriz, com 2 saídas de ligação à rede já existente.

Entretanto a cooperativa tinha já 56 anos de história e uma experiencia já muito vivida, mas com graves problemas económico-financeiros e de gestão. 

A partir de 1991, precisamente a 22 de Janeiro, a Direcção empossada iniciou o seu percurso no sentido de dar novo rumo à cooperativa. A história diz que conseguiu. Desde essa data até 8 de Março de 2009, José Bento Almeida Gomes esteve à frente dos destinos da COOPRORIZ, na qualidade de presidente. Os elementos das diversas direcções que se seguiram foram mudando, mas o presidente ficou sempre a liderar os destinos da cooperativa com uma administração muito personalizada. Mas teve mérito e honra lhe seja feita! A cooperativa mudou realmente de rumo com uma gestão centralizada, mas mais cuidada e de maior rigor, adaptada às circunstâncias de então, que eram de grande dificuldade, quer em estabilidade, quer financeiramente.

Com esta gestão, as dívidas da cooperativa foram entretanto saldadas e o orçamento equilibrado; o investimento deu grandes passos; os fornecedores ganharam confiança e os serviços administrativos foram organizados e informatizados, agora, já na sede, em Virães construída entre 1997 e 1998 sob mesma orientação. É claro que a evolução da sociedade, do poder de compra dos sócios e utilizadores, o incentivo ao consumo, e as novas tecnologias, foram também fulcrais para o bom êxito da cooperativa e, claro, da actuação das suas Direcções.

Actualmente a COOPRORIZ tem uma rede em baixa tensão que cobre toda a área da freguesia de Roriz e ainda uma extensa área da freguesia de S. Mamede de Negrelos, alimentada por 24 postos de transformação, instalados em cabines em pedra, em cimento, em postes aéreos ou em (Kioets) cabines baixas, distribuídos por estas áreas.

A telecontagem foi também uma aposta de José Bento na modernização dos equipamentos de leitura.

O volume de vendas em 2008 foi de cerca de 1 milhão e duzentos mil euros e o valor do imobilizado bruto ronda os 2 milhões e quatrocentos mil euros.

 No entanto, a sociedade não se conforma com a imutabilidade e os sócios decidiram apostar noutra Direcção, que tomou posse a 8 de Março de 2009, esperando dela a maior transparência nos negócios, e ainda mais dinâmica, empenho e vontade de servir, modernização, e capacidade para projectar a cooperativa na história do futuro, sempre ao serviço da sociedade e dos sócios.

 

 

Um agradecimento é bem merecido para todos aqueles que mais directa ou indirectamente contribuíram para o crescimento desta empresa sediada em Roriz. É também justo e salutar desejar, à presente Direcção liderada por Manuel Joaquim Soares Monteiro e às vindouras, que tenham os melhores sucessos e façam desta cooperativa o orgulho dos seus sócios.

 

Roriz, 22/11/2009

Armando Ferreira Martins

 

 
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